Pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, descobriram uma das possíveis razões para a depressão e o estresse crônico fazerem o volume do cérebro diminuir. Segundo os cientistas, um "gatilho" genético faz o órgão perder. O estudo foi divulgado na revista especializada Nature Medicine neste domingo.
Esse "interruptor", afirma o estudo, reprime a expressão de diversos genes necessários para a formação de conexões sinápticas entre os neurônios, o que pode contribuir para a perda de massa cerebral no córtex pré-frontal. "Nós queríamos testar a ideia de que o estresse causa a perda de sinapses no cérebro de humanos", diz um dos autores do estudo, Ronald Duman.
Os cientistas do Hospital Rangueil, em Toulouse, compararam a atividade cerebral de sete pacientes que sofriam de enxaqueca sem aura, o tipo mais comum da doença, através da Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET, na sigla em inglês).
Os resultados revelam uma atividade na região do hipotálamo no cérebro dos pacientes durante a crise de enxaqueca. Para os pesquisadores, a atividade no hipotálamo pode ser o “gatilho” para o início da crise de enxaqueca. “Suspeitamos que o hipotálamo exerça uma função importante no início das crises”, diz Marie Denuelle, que liderou o estudo.
“Mas, para provar essa relação, precisamos fazer um estudo similar nos pacientes antes do início dos ataques”, afirma a pesquisadora. O estudo, publicado na revista científica Headache, pode ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos para a enxaqueca.
Na verdade, medo demasiado. A tal da ansiedade matemática, sensação de tensão e apreensão que simplesmente torna a realização de operações numéricas um sacrifício.Popularizado em meados da década de 1960, o termo ganha força agora que um mapeamento do cérebro realizado por uma equipe da Universidade de Stanford, nos EUA, conseguiu provar (por A + B) que a ansiedade matemática: 1 – existe; 2 – deixa rastros bem definidos na mente. A análise de ressonâncias magnéticas de crianças entre sete e nove anos mostra que o cérebro de indivíduos que reagem com apreensão a desafios matemáticos funciona da mesma maneira que em pessoas com outros tipos de ansiedades. A atividade é mais acentuada nas amígdalas, um pedacinho do cérebro considerado a matriz do medo, e também em uma região do hipocampo, envolvido com a formação de memórias. O mais importante, porém, é que áreas relacionadas a memória de trabalho e processamento numérico atuam com uma intensidade menor. Em outras palavras: uma vez disparado o gatilho do medo em relação aos números, fica bem difícil saber que 2 + 2 = 4.
Cerveja sem álcool aciona área do cérebro ligada ao vício, diz estudo
Neurologistas da Universidade de Indiana pediram a 49 homens que escolhessem beber entre sua cerveja favorita e um isotônico, tipo de bebida utilizada por quem pratica esportes, enquanto seus cérebros eram escaneados por uma tomografia.
Apenas sentir o gosto da cerveja ativou os receptores de dopamina e este efeito foi maior do que no caso do isotônico, mesmo que muitos voluntários tenham dito preferir o gosto de refrigerantes, afirmaram os cientistas."Sabemos que a exposição a estas recompensas condicionadas às vezes é o gatilho que induz dependentes químicos em abstinência a sofrer recaída", disse Dai Stephens, professor de psicologia experimental da Universidade britânica de Sussex."Entender o mecanismo por trás das diferenças nas consequências deste tipo de condicionamento entre indivíduos com e sem riscos de sofrer de alcoolismo poderia apontar caminhos para reduzir esses riscos", acrescentou.
Nós também passamos por esse processo constantemente. Afinal, hábitos são uma estratégia da natureza para nos poupar. Eles funcionam como um atalho do cérebro para executar algumas ações de forma automática, sem pensar. Imagine ter que queimar neurônios em tarefas simples como escovar os dentes, comer, dormir ou amarrar os sapatos. “Hábitos permitem preservar energia para coisas complicadas”, diz Wolfram Schultz, professor de neurociência da Universidade de Cambridge, Inglaterra. A economia não é pouca. Cerca de 45% de nossas ações diárias são automáticas. Elas estão entranhadas em nossos neurônios.
A história de um americano de meia idade ilustra bem isso. Após sofrer uma encefalite viral, que prejudicou sua capacidade de reter informações básicas, como a própria idade, Eugene Pauly continuou seguindo sua rotina. Mesmo incapaz de dizer onde ficava a cozinha de casa, se dirigia ao local quando sentia fome. Ele não conseguia explicar ao médico por que sabia que na cozinha tinha comida, mas uma parte do seu cérebro não afetada pelo vírus havia guardado aquela informação e o levava automaticamente para lá. Pauly ainda podia prestar atenção nos gatilhos — seu estômago roncando — e tinha a rotina de se dirigir à cozinha para conseguir a recompensa de se alimentar. Ou seja, ele ainda podia seguir o ciclo do hábito.
O estudo do caso levou o pesquisador Larry Squire, da Universidade da Califórnia, a descobrir que existe uma área cerebral responsável por armazenar hábitos: o núcleo da base, região próxima à nuca e mais antiga do cérebro do ponto de vista evolutivo. É lá que guardamos os aprendizados por repetição. Quando você liga o carro, por exemplo, esta região aciona automaticamente os ensinamentos que você teve na auto-escola e você sai dirigindo, com o resto dos neurônios praticamente adormecidos.
O problema é que, ao mesmo tempo em que nosso cérebro segue a lei do mínimo esforço, ele busca prazer a todo custo. E hábitos trazem recompensas, daí o risco de serem desenvolvidos em excesso — e de automatizarmos comportamentos que nos prejudicam.
A solução é entrar no jogo e seguir o ciclo do hábito, mas a nosso favor. Precisamos, então, criar gatilhos, rotinas e recompensas que só nos façam bem. “Para o cérebro, não faz diferença de onde veio a gratificação, se da comida ou da prática de esportes. Ele só quer sua injeção de dopamina”, afirma o psiquiatra Paulo Knapp, autor do livro Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática Psiquiátrica, abordagem terapêutica focada em mudança de comportamentos e crenças.
Já que nossa cabeça não está interessada em saber a origem do prazer que move um hábito, ela pode ser treinada para automatizar apenas os bons. Aí sim começa a verdadeira mudança.
OX DA QUESTÃO
Um estudo ainda em curso financiado pelo governo dos EUA vem mostrando que não importa o tipo de hábito que você quer abandonar: excesso de café, atrasos na aula ou perda de tempo na internet. Todos podem ser substituídos por outros melhores, desde que você concentre esforços em apenas um deles. “O hábito nunca vem sozinho. É um pacote. Precisamos saber qual é o hábito-mestre para desmontá-lo”, diz a bióloga e geneticista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, Ivana da Cruz.
No estudo americano, neurologistas, psicólogos, geneticistas e um sociólogo pesquisam há 3 anos a rotina, o cérebro e até as sequências de DNA de 24 voluntários que conseguiram mudar hábitos difíceis em um prazo curto. A ideia é descobrir o que exatamente leva as pessoas a abandonarem comportamentos prejudiciais — e o que ocorre no cérebro ao se livrar deles. Uma das participantes da pesquisa, a americana Lisa Allen, elegeu o cigarro como seu hábito-mestre a ser atacado e tornou-se o caso mais emblemático analisado pelos cientistas americanos.
Lisa tinha começado a fumar e beber com 16 anos. Aos 20, suas dívidas bateram a casa dos US$ 10 mil e ela não parava em emprego algum. Perto dos 30, seu casamento ruiu. E Lisa decidiu dar uma guinada na vida. Primeiro, cortou o cigarro, e, num ciclo virtuoso, passou a correr, se alimentar melhor e ter disciplina no trabalho. Após 6 meses, havia emagrecido 27 quilos e tinha as finanças em perfeita ordem.
Durante os experimentos, ao expor Lisa a imagens de seus antigos vícios, como cigarro e comida, os pesquisadores observavam que o sistema de recompensa em seu cérebro era ativado, ou seja, seus neurônios ficavam ávidos pela satisfação proporcionada por aqueles maus comportamentos. Porém, agora, a mesma gratificação também era obtida pela endorfina liberada no corpo de Lisa quando ela sentia o vento bater no rosto durante os treinos de uma maratona. Isso passou a ocorrer porque uma nova área cerebral, responsável pela inibição e a autodisciplina, entrou em ação de modo mais acentuado.
Ao mudar seus comportamentos, Lisa também transformou seu cérebro. Ela o reeducou para se satisfazer com o que lhe fazia bem. Para isso é preciso empenho. Pois, em tese, hábitos não foram feitos para serem mudados.
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